17.3.02

Sinto muito, mas n�o pretendo ser um imperador. N�o � esse o meu of�cio. N�o pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar � se poss�vel � judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos n�s desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos s�o assim. Desejamos viver para a felicidade do pr�ximo � n�o para o seu infort�nio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo h� espa�o para todos. A terra, que � boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, por�m nos extraviamos. A cobi�a envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do �dio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a mis�ria e os mortic�nios. Criamos a �poca da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A m�quina, que produz abund�ncia, tem-nos deixado em pen�ria. Nossos conhecimentos fizeram-nos c�ticos; nossa intelig�ncia, empedernidos e cru�is. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de m�quinas, precisamos de humanidade. Mais do que de intelig�ncia, precisamos de afei��o e do�ura. Sem essas virtudes, a vida ser� de viol�ncia e tudo ser� perdido.
A avia��o e o r�dio aproximaram-nos muito mais. A pr�pria natureza dessas coisas � um apelo eloq�ente � bondade do homem... um apelo � fraternidade universal... � uni�o de todos n�s. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milh�es de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... v�timas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: �N�o desespereis! A desgra�a que tem ca�do sobre n�s n�o � mais do que o produto da cobi�a em agonia... da amargura de homens que temem o avan�o do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecer�o, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram h� de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecer�.
Soldados! N�o vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas id�ias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimenta��o regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canh�o! N�o sois m�quina! Homens � que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! N�o odieis! S� odeiam os que n�o se fazem amar... os que n�o se fazem amar e os inumanos!
Soldados! N�o batalheis pela escravid�o! Lutai pela liberdade! No d�cimo s�timo cap�tulo de S�o Lucas est� escrito que o Reino de Deus est� dentro do homem � n�o de um s� homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Est� em v�s! V�s, o povo, tendes o poder � o poder de criar m�quinas. O poder de criar felicidade! V�s, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto � em nome da democracia � usemos desse poder, unamo-nos todos n�s. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que d� futuro � mocidade e seguran�a � velhice.
� pela promessa de tais coisas que desalmados t�m subido ao poder. Mas, s� mistificam! N�o cumprem o que prometem. Jamais o cumprir�o! Os ditadores liberam-se, por�m escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim � gan�ncia, ao �dio e � prepot�ncia. Lutemos por um mundo de raz�o, um mundo em que a ci�ncia e o progresso conduzam � ventura de todos n�s. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, est�s me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! V�s, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo � um mundo melhor, em que os homens estar�o acima da cobi�a, do �dio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal come�a a voar. Voa para o arco-�ris, para a luz da esperan�a. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

Charles Chaplin

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Minduim ouve: Pride(In the name of love) - U2